Santo Agostinho de Cantuária: a união de quatro santos que abriu as portas da Bretanha

“César teve necessidade de seis legiões para conquistar a Grã-Bretanha. Gregório (Magno) conseguiu isso com 40 monges”. Edward Gibbon

A história da evangelização da Inglaterra deve-se a quatro santos usados como instrumentos nas mãos de Deus para converter um povo pagão. Há registros que a ilha já havia sido evangelizada até o século IV, entretanto, com a expulsão das legiões romanas da região, a mesma foi tomada por pagãos anglos e saxões no século V. Os celtas que ali estavam eram cristãos e recebiam o apoio do clero irlandês, entretanto criou uma aversão aos conquistadores da região, não empreendendo esforços para a conversão daquele povo.

A frase que introduz esta biografia faz referência ao envio missionário que o nosso biografado, Agostinho de Cantuária, empreendeu e liderou por obediência ao papa Gregório Magno para evangelizar aquela região.

Voltemos ainda mais no tempo…

Gregório Magno antes de tornar-se papa era membro do mosteiro beneditino de Santo André em Roma e em uma viagem encantou-se com cativos ingleses. Sentiu grande desejo de evangelizar aquela região. Quando finalmente tornou-se papa escolheu, assim, o prior do mesmo mosteiro o qual fundou, Agostinho, para liderar 40 missionários para levar Cristo àquela terra ocupada por pagãos anglo-saxões. Pouco sabe-se do biografado antes da sua entrada no mosteiro.

A data natalícia do italiano Agostinho é incerta, entretanto sua partida para a eternidade ocorreu em maio de 604, dois meses após o falecimento de São Gregório I que o colocou nesta tão sucedida missão.

Ao partir para o seu destino com 40 monges, Agostinho toma conhecimento da hostilidade dos invasores daquela região. Tenta então convencer o papa a enviar a missão para outro lugar, tendo assim o pedido negado e Agostinho submetendo-se por obediência à vontade do pontífice.

Chegando em seu destino em 597 vai Agostinho diretamente ao rei de Kent, Etelberto, que até então era pagão, porém casado com a filha de um rei francês com quem contraiu matrimônio sob condição de deixá-la livre para professar sua religião.

Aquele encontro entre Agostinho e Etelberto, sob influência de sua esposa Berta, que mais tarde viria o casal a ser canonizado, foi fundamental para a cristianização da Inglaterra.

Recebeu o rei Etelberto os missionários cristãos e pediu para ser orientado conforme os preceitos da religião. No dia de seu batismo, outros 10 mil súditos receberam igualmente o sacramento.

O reinado de Etelberto favoreceu a expansão do cristianismo naquela terra que havia sido paganizada pelos bárbaros, no entanto precisava Agostinho de reforços, a que pediu auxílio ao mosteiro dos celtas do outro lado da ilha que contava com três mil monges e era chefiada pelo clero irlandês. Pela aversão dos celtas aos saxões invasores da região, o mosteiro deu uma resposta negativa. Mais tarde sobreveio um terrível castigo.

São Gregório Magno elevou santo Agostinho a bispo e deu-lhe plena autoridade sobre a organização da missão no país. Posteriormente reforços foram enviados para a Inglaterra, lugar onde Deus escolheu para santificar São Melito, São Justo e São Paulino.

Muitos prodígios missionários ocorreram na Inglaterra graças a instrumentos que deixaram-se ser usados pelas mãos de Deus para propagar o evangelho, tendo destaque aqui para santo Agostinho, pontífice são Gregório Magno e o casal rei são Etelberto e santa Berta de Kent.

Agostinho é considerado “apóstolo dos ingleses” e fundador da Igreja na Inglaterra. A Igreja celebra sua memória no dia 27 de maio, embora sua morte tenha ocorrido no dia 26 de maio. Peçamos sua intercessão para termos o espírito da obediência mesmo contra a nossa vontade, pois, assim como este santo devemos entender que a obra é de Deus e que sendo instrumentos, o Onipotente usa-nos como quiser.


Meyre Fráguas Correa Pereira, natural de Timóteo-MG, atua profissionalmente na rede pública do estado de Minas Gerais como professora de História no ensino básico. Licenciou-se em História pelo Centro Universitário de Caratinga-UNEC em 2018 e atualmente é discente do curso de Pedagogia. Atua na PASCOM da Paróquia São Domingos de Gusmão na cidade de São Domingos do Prata-MG, onde é residente. É amante da literatura e estuda a língua latina.