Reflexão: Memória de Santo Antônio de Pádua, presbítero e doutor da Igreja
terça-feira – 13/06/2023
Santo Antônio nasceu em Lisboa, em 1195, e morreu nas vizinhanças de Pádua, em 1231, daí o chamar-se Antônio de Lisboa ou Antônio de Pádua. Foi canonizado em Pentecostes de 1232, apenas um ano após a morte, apoiado por uma grande popularidade. Devido ao seu itinerário intelectual e espiritual, o Papa Pio XII, em 1946, proclamou Antônio como Doutor da Igreja, atribuindo-lhe o título de “Doutor Evangélico”.
Fernando de Bulhões y Taveira de Azevedo passa a se chamar Fr. Antônio – ‘Os Santos são marcados por Deus e mudam a identidade’.
Características que chamam a atenção em Santo Antônio
1ª) Zelo pela Ordem (Franciscano) – Paixão por Jesus
– Trabalha de cozinheiro, vive a humildade;
– Toma uma decisão definitiva de doação de seu ser (não de algo externo), deixa sua cidade e família.
2ª) Reforma da Igreja
– Prega a paz entre as cidades frente à imigração dos povos ‘bárbaros e invasores’;
– Defesa dos pobres: batalha pelo pão material (dignidade no corpo, para salvar a alma, livrava as moças pobres e prostitutas da marginalidade e lhes conseguia bons casamentos);
– Oferece o Pão da Palavra e o Pão da Eucaristia – educa o espírito.
3ª) Combate as heresias – proclama as verdades de fé com convicção.
4ª Vai em Missão; Marrocos, Itália e outros lugares. Dá a vida por Cristo.
5ª) Pregador da Palavra
– Adaptou a catequese de forma simples;
– Restabeleceu a fé do povo (não só popular);
– Cheio de unção e sabedoria;
– Ofereceu princípios sólidos em meio a seitas e relativismo das verdades reveladas.
6ª) Menino Jesus ao colo, Evangelho e lírio
– Ternura cativante, amigo, protetor, união com Deus, simples, humilde, revelou Deus aos pequenos;
– Fé e espiritualidade bíblica;
– Autenticidade e amor.
Nossa Santidade e Responsabilidade (responsório)
– Além da devoção, fixar-se em Cristo;
– Santos têm limites e falhas, mas só os grandes as reconhecem e voltam atrás, tomam a iniciativa e são capazes de perdoar;
– Os Santos deixam um saldo de virtudes e méritos (Comunhão dos Santos).
Podemos venerar os Santos: respeito, afeição, mas devemos adorar a Deus: reverência, prostrar-se, prestar culto.
Os santos e justos viverão para sempre, Jesus os proclama ‘Felizes’, herdeiros do Reino de Deus.
Quanto à identidade dos santos: quem são, o que eles fazem, como agem?
Em primeiro lugar, eles contam com a graça de Deus: não adiantaria termos uma inteligência excelente, uma perfeita organização pastoral, empenharmos todos os nossos esforços e recursos possíveis, se não contássemos com a ajuda e a graça de Deus: “Se Deus não construir a nossa casa, em vão trabalham os operários” (Sl 126). A bíblia nos dá essa conscientização. O Documento de Aparecida (246ss), quando fala da formação dos discípulos missionários, afirma que a Sagrada Escritura ocupa um lugar de destaque na construção de um mundo melhor possível a favor do ser humano, como já dizia o Papa Paulo VI: “O homem poderá construir um mundo sem Deus, mas, sem Deus, construirá contra o próprio homem” (PP, 42). Um mundo melhor possível será sempre obra do próprio Deus que age na vida de seus filhos e filhas.
Outras características dos Santos
– São lugares da manifestação de Deus (Templos vivos – Ex: pedagogia no templo, onde se aprendem os caminhos da salvação: Abraão, Moisés, Elias, Samuel… “Casa e escola de comunhão”);
– Revestidos da vida divina;
– Não seguiram modismos, o que é constante é a fidelidade;
– Fiéis a Deus (os da terra e os do céu), deram o melhor de si;
– Praticam o bem, sem chamar a atenção;
– Somos todos iguais quanto ao pecado, só os fortes na fé sabem reconhecê-lo e perdoar (Santos), os fracos na fé têm dificuldades;
– Comunicam mensagens de esperança diante das dificuldades e perseguições;
– Não fizeram obras extraordinárias, carismas excepcionais, antes, ouviram Jesus e o seguiram sem desanimar diante das dificuldades;
– Comunicam a vitória de Cristo: “Quem vai nos separar do amor de Cristo?”;
– Têm momentos de êxtase, mas a santificação é pela encarnação – passos de Jesus, sintonia com a vida e a realidade;
– Os que amam a Deus viverão para sempre;
Olhando para os que nos precederam, santos e mártires, a Comunidade é convidada a se questionar sobre seu caminho de santidade.
Não devemos esquecer que a melhor maneira de nos relacionarmos com um Santo não é somente invocá-lo em nossas necessidades, e sim imitá-lo na prática generosa da virtude e do cumprimento fiel de todos os deveres.
Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.
Padre Leomar Antonio Montagna é presbítero da Arquidiocese de Maringá, Paraná. Doutorando em Teologia e mestrado em Filosofia, ambos pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR – Câmpus de Curitiba. Foi professor de Teologia na Faculdade Missioneira do Paraná – FAMIPAR – Cascavel, do Curso de Filosofia da PUCPR – Câmpus Maringá. Atualmente é Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças em Sarandi PR.