O início do século XVI foi caracterizado por muitas transformações, reformas e desejo de mudanças que de algum modo podemos comparar com o nosso tempo. Era o fim da idade média e o começo do Renascimento. Os intelectuais discutiam sobre a decadência de uma época e o surgimento de uma outra. Os velhos conceitos estavam sendo destruídos pela nova forma de pensar. O mundo estava em transformação e por isso questionava-se o conceito de nobreza, cavalheirismo, vassalagem e serviço à um único senhor, entre outras críticas às posturas medievais; e em decorrência de tudo isso aparecia como reflexo uma crise cultural.
Neste período de transformação tão violenta, na casa dos Loyola, que era uma família muito poderosa daquele lugar, nasceu Inácio. Filho mais novo de 12 irmãos, perdeu sua mãe logo após o nascimento. Conforme foi crescendo tornou-se um tanto que desligado das coisas sagradas. Sendo assim, durante sua juventude viveu em meio aos luxos, prazeres e vaidades. Muito inflado pelo desejo de glórias terrenas seguiu a carreira militar; mas, durante uma batalha em Pamplona, uma bala de canhão derrubou o forte onde ele se encontrava, ferindo gravemente sua perna.
Durante este período, acamado e sem esperanças de retornar à frente de batalha que era sua paixão, recebeu livros que contavam a história da vida dos santos. A princípio não se sentiu muito confortável com a leitura. Entretanto, entediado e sem muitas opções do que fazer passou a lê-los, e com o passar dos dias foi se interessando pelo que lia e logo começou a se indagar: “se os santos conseguiram, por que eu não conseguiria? Que farei da minha vida?” refletindo sobre isso passou a ser um homem voltado às coisas celestiais, e ao longo dos dias começou a buscar na oração a paz e consolo que tanto buscava nas coisas passageiras.
Logo que se recuperou do ferimento, retirou-se para uma localidade no interior de Catalã onde, em retiro, pode mais facilmente ouvir os planos de Deus para sua vida; e sem saber, iniciou ali o que viria a se chamar “exercícios espirituais” recomendado pela Igreja para aqueles que visam entender o projeto de Deus para sua vida.
Alguns anos mais tarde, ordenado sacerdote, fundou a Companhia de Jesus que presenteou a Igreja com grandes santos. Conhecidos popularmente como jesuítas, inspirados pelo Espirito Santo e seguindo as regras da Ordem de Santo Inácio, desempenharam importante papel durante o período da Contra-reforma e depois dela. Na américa latina estiveram à frente das missões, onde muitos enfrentaram o martírio. Eles, herdeiros da Regra de Santo Inácio, até os dias de hoje continuam servindo a Igreja com grande zelo. Inclusive o Papa Francisco é um filho espiritual de Santo Inácio de Loyola, isto é, pertence a Ordem da Companhia de Jesus.
É interessante observar que o velho Inácio de Loyola, homem dado às paixões, portador de desejos de glória morreu e com sua morte nasceu um novo homem, obediente ao chamado de Deus e fraterno, humilde e solicito à Igreja.
Aprendamos com Santo Inácio de Loyola, grande santo da Igreja, a permitir que Deus toque no profundo do nosso ser, impulsionando-nos à fidelidade para com nosso compromisso de cristãos, a ser solícitos e abertos a mudança radical para melhor servir a Deus e a Igreja.
Santo Inácio de Loyola, rogai por nós!
Eduardo Correia Nassar, é graduado em Filosofia, atua como Ministro Auxiliar da Sagrada Eucaristia e Catequista na Paróquia Nossa Senhora do Rosário, em Rosário do Ivaí PR.