São Francisco Xavier: ardoroso e incansável missionário

São Francisco Xavier, nascido Francisco de Jasso Azpilcueta Atondo y Aznares de Javier, foi um grande jesuíta, e mais do que isso, um fervosoro missionário, a consumir sua vida no anúncio do Evangelho. Isso lhe valeu o título dado pela Igreja, de Padroeiro Universal das Missões junto com Santa Teresinha do Menino Jesus.

Francisco nasceu em 7 de abril de 1506, e era filho de uma família nobre do castelo de Javier (Navarra). Em 1512, seu pai é condenado a perder todos os seus bens, sendo que este morreu de desgosto em 1512. A sua família estava arruinada e, em neste contexto, Francisco resolve deixar a sua mãe e os seus irmãos em 1525, para ir estudar na Universidade de Paris. Lá, este alojou-se no Colégio Santa Bárbara, e, ao lado de tantos colegas de vida pouco edificante, encontrou jovens muito piedosos, como Inácio de Loyola e Pedro Fabro. Inácio vinha meditando já há algum tempo em fundar uma obra santa em favor da Igreja. Por isso, pede que os seus colegas Fabro e Francisco se dediquem aos exercícios espirituais. Para Francisco era difícil a ideia de deixar as glórias mundanas e o desejo de ser um grande professor de Filosofia, para dedicar-se a uma vida de sacrifício e de renúncias, como queria Inacio. Por isso, este último trabalha com o amigo, ajudando-o a compreender que não serviriam de nada as suas ambições, se ele viesse a perder a vida eterna. Assim, Francisco se convence que a partir de então poderia dedicar a própria vida a um só ideal: amar e fazer amar Jesus Cristo.

Logo, ao pequeno grupo de amigos se une outros quatro estudantes. Em 14 de agosto de 1534, na capela de Santa Maria de Montmartre, Pedro Fabro celebra a Santa Missa, na qual todos pronunciam os votos perpétuos de pobreza, castidade e obediência, acrescentando um quarto voto que ainda não tinham claro: ir para a Terra Santa, ou submeter-se à vontade do Papa. Em 25 de janeiro de 1537, os primeiros membros da Companhia de Jesus, resolvem ir até o Papa Paulo III, em Roma. Este lhes acolhe e lhes dá a autorizaçao para serem ordenados todos sacerdotes, em 24 de junho do mesmo ano. O grupo então se dispersa e, Francisco vai trabalhar em Bolonha, onde se põe a ensinar o povo, os doentes e os prisioneiros, ainda que conhecesse pouco o italiano.

Em 1540, o rei de Portugal, Dom João III pede ao Papa Paulo III que fossem enviados missionários para evangelizar os povos das novas colônias na Índia. Com isso, alguns irmãos da Companhia de Jesus vão até Lisboa e se dedicam ao cuidado das almas. Algum tempo depois, Inácio de Loyola decide que Francisco e outros quatro co-irmãos partiriam para evangelizar as Índias. Estes partem em 1º de janeiro de 1542, e, como era muito difícil a viagem naquele tempo, tendo de atravessar o Cabo da Boa Esperança, chegam a Goa, somente em 6 de maio. Nesta cidade, já ocupada pelos europeus, encontrava-se já o mau exemplo deixado pelos colonizadores. Francisco teve de trabalhar bastante para que os seus moradores pudessem seguir a via da perfeição. O espírito de zelo pelas almas crescia sempre mais, e, logo o governador de Goa confiou a Francisco a evangelização da tribo dos Paravers, que tinha mais de 20 mil homens, batizados em pressa antes, mas que tinham voltado à ignorância e às superstições.

Com o tempo, Francisco vai nutrindo o desejo de expandir a sua atividade missionária para outras terras no Oriente. Tendo rezado ardorosamente junto do sepulcro de São Tomé, discerne em 1545 que seria da vontade de Deus, que fosse até a provincia de Malacca, na costa da Malásia, onde recentemente tinham sido convertidos alguns cristãos. Depois de alguns meses, ajudando a conduzir os pescadores da região a uma fé mais profunda, resolve partir, em 1º de janeiro de 1546, para uma jornada muito mais longa, em que passa por inúmeras ilhas orientais, pregando o Evangelho e arriscando-se junto das populações locais. Em dezembro de 1547, acolhe o convite de um nobre japonês para ir ao Japão. No entanto, para esse pais, Francisco partiria somente em abril de 1549, pois tinha ainda as suas obrigações para cumprir em Goa.

Depois de mais de um ano estudando a língua e os costumes japoneses, em 1550, Francisco tem a ousadia de ir até o principe mais potente do Japão, na capital, pensando de convertê-lo à fé cristã. Este, nem mesmo o recebe, no entanto lhe dá a permissao para pregar e, assim, Francisco consegue realizar algumas centenas de conversões em territorio japonês. Logo estoura uma revoluçao e o missionário deve partir. Não tendo mais recebido notícias da Índia, Francisco retorna para a província de Malacca, no final de 1551. Incansável, em 17 abril de 1552, novamente embarca, agora para a China. No início de setembro do mesmo ano, chega até a ilha de Sancian, a 10 quilômetros da costa chinesa. Os poucos portugueses que o recebem com alegria, lhe constroem uma pequena capela e este se dedica às crianças e aos doentes, e a pregar, catequizar e confessar. No entanto, entrar pela costa da China era severamente proibido. Por isso, por algum tempo, foi negociando para ver se alguém o ajudaria a entrar.

No entanto, em 21 de novembro de 1552, Francisco celebrou a sua última missa e se sentiu mal. Assim, transcorreu os últimos dias da sua vida em um estado de certa inconsciência, na ilha de Sancian. Foi pronunciando o nome de Jesus, e invocando a Virgem Mãe de Deus, que faleceu, na aurora do dia 2 de dezembro de 1552, com apenas quarenta e seis anos. O seu corpo foi reconduzido a Goa, onde até hoje é venerado pelos fiéis. Francisco Xavier foi canonizado juntamente com Inácio de Loyola em 12 de março de 1622.

O segredo para São Francisco Xavier ter suportado tantas provações, tantos perigos, tantas perseguições sem esmorecer? Um amor sem limites por Jesus, uma grande docilidade à sua vontade, um grande desejo de expandir o reino de Deus sobre a terra. Que o exemplo de São Francisco nos inspire sempre mais no zelo pela salvação dos irmãos!


Padre Felipe Fabiane, sacerdote da Diocese de Guarapuava – PR. Doutor  em Direito Canônico pela Pontifícia Universidade Lateranense de Roma, atualmente é secretário da Nunciatura Apostólica no Zimbabwe, sul da África.