Hoje, na liturgia da Igreja, começamos a escutar o sermão da montanha do Evangelho de Mateus. Devemos acompanhar este discurso de Jesus (Mt 5-7) até quinta-feira da XII semana do tempo comum. O “sermão da montanha” é dirigido a todos, mas de modo particular aos discípulos. A estes, que estão mais perto de Jesus, o Mestre anuncia o programa do Reino de Deus: as bem-aventuranças. Muitos a identificam como a “carta magna” do Evangelho, pois deve ser a identidade dos discípulos, decalcada sobre a de Jesus.
Cada bem-aventurança contém três elementos: o anúncio da felicidade “bem-aventurados”; a declaração de quem são os bem-aventurados; a afirmação da causa da bem-aventurança. Em primeiro lugar, a bem-aventurança é uma condição dada, oferecida, não fruto de conquista. Bem-aventurados são os que confiam completamente em Deus, vivem com uma atitude de desapego das coisas deste mundo; têm o coração puro, trabalham pela paz e pela justiça, são por isso perseguidos, mas não alimentam sentimento de vingança. Numa palavra, são os imitadores de Jesus. São bem-aventurados porque para eles são reservados todos os bens messiânicos ligados à entrada no Reino de Deus. De fato, todas a outras motivações (“serão consolados”, “possuirão a terra”, “serão saciados”, “alcançarão misericórdia”, “verão a Deus”, “serão chamados filhos de Deus”: vv. 4-9) estão resumidas na conclusão: “porque deles é o Reino dos céus” (vv.3.10)