Estou relendo o livro fantástico “Zelota – A Vida e a Época de Jesus de Nazaré”, do escritor iraniano Reza Aslan, que foi lançado nos EUA, mas que também chegou até nós pela Zahar. Neste livro, o autor, um islamita convertido ao cristianismo, trás para junto de nós, o JESUS HISTÓRICO de forma brilhante. Mas o que quero mesmo salientar é a FELICIDADE deste autor, ao se declarar um seguidor de Jesus e se colocar dentro dos anais da história do tempo do Nazareno e, a partir dali, nos presentear com uma bela aula de CRISTOLOGIA. Recomendo a leitura. Não se arrependerão. De fácil compreensão.
Neste domingo, a liturgia nos apresenta um dos textos mais conhecidos de todos nós, os chamados “Discípulos de Emaús.” Dois homens decepcionados, voltando para casa, arrasados diante do assassinato de Jesus. Numa tristeza sem fim. Mas também não era pra menos afinal tudo que eles tinham acreditado, tinha ido água abaixo. Só vão recuperar-se desta tristeza, quando Jesus “Senta-se à mesa com eles, toma o pão, abençoou, depois o partiu e deu a eles. Nisso os olhos dos discípulos se abriram,” e a tristeza foi-se embora, porque a esperança renasceu em suas vidas novamente. (Lc 24, 30-31). A partilha do pão foi o sinal de reconhecimento de que ELE estava VIVO com eles. A felicidade voltou às vidas deles.
Eu sou do tempo em que a gente era FELIZ pelas muitas cartas que escrevia ou recebia. O carteiro não nos trazia somente faturas e boletos para pagar, mas as tão esperadas cartas. Vivíamos na espera delas. Eu sempre fui um bom escriba. Gostava de escrever. Mário Machado, Cleo e Clarice, eram alguns dos meus correspondentes fieis. Cida Minuzzi, uma grande amiga de Campinas, diz que ainda hoje, guarda as minhas missivas. Ela me disse certa vez, que as minhas cartas eram verdadeiros tratados. A minha FELICIDADE era traduzida pelas cartas. A gente não se comunicava por aplicativos como hoje, mas pelas cartas.
No Apocalipse de São João, há uma passagem que muitos de nós não a conhecemos e que nos ajuda muito a encontrar a FELICIDADE, mesmo em tempos tão sombrios. As pessoas estão acabrunhadas e com muito MEDO. A alegria e a felicidade deram lugar ao medo e a incerteza, como naquela musica: “Tristeza não tem fim, felicidade sim.” Mas vejamos o texto: “Você diz: Sou rico! E de nada preciso. Pois então escute: Você é infeliz, miserável, pobre, cego e nu. E nem sabe disso. Quer um conselho? Quer mesmo ficar rico? Então compre o meu ouro, ouro puro, derretido no fogo. Quer se vestir bem? Compre minhas roupas brancas, para cobrir a vergonha da sua nudez. Está querendo enxergar? Pois eu tenho o colírio para seus olhos. Quanto a mim, repreendo e educo todos aqueles que amo. Portanto, seja fervoroso e MUDE DE VIDA! Já estou chegando e batendo à porta. Quem ouvir minha voz e ABRIR A PORTA, eu entro em sua casa e janto com ele, e ele comigo. (Apocalipse 3, 17-20)
Sou muito emotivo e nunca senti tanto a falta de um abraço como agora. Estou carente de abraços, afeto. Sem poder sair de casa e andar livremente, encontrar as pessoas e aconchegá-las, faz uma falta danada! A minha válvula de escape tem sido os livros e os rabiscos que tenho escrito, fazendo daqueles que os lêem, as minhas cobaias. Entretanto, não deixemos que este momento carrancudo nos tire a alegria e a RAZÃO DE VIVER, ou de lutar pela vida. Nascemos todos e todas para sermos felizes. Se não temos aqueles que gostaríamos que estivessem ao alcance do nosso abraço, façamos com aqueles e aquelas que estão perto, dizendo palavras de carinho, afeto, lembrando-as do quanto elas são importantes para nós. Sem medo de ser feliz! Sem medo desse infeliz! Afinal, ELE está dentro das nossas casas, ceiando conosco.