Evangelho Mt 10,16-23

Caríssimos irmãos e estimadas irmãs!

Partilho com vocês aquilo que eu meditei sobre a passagem do Evangelho de hoje. Eu enxergo a Jesus como grande e o melhor educador. O conteúdo de sua educação é profundo. Ele educa os seus discípulos com o coração cheio de amor por eles e por todas as pessoas. Os discípulos são chamados do meio do povo, vivem no meio do povo, são educados e enviados em missão no meio do povo. São pessoas com  qualidades e capacidades, carregam também as suas limitações, são entusiasmados pelo projeto de Jesus e medrosos em alguns momentos. São pessoas com vontade imensa de seguir o Senhor como cada um de nós, chamados por Jesus. No dia do nosso demos o nosso sim no seguimento a Jesus. Para muitos de nós os nossos pais e padrinhos deram o sim em nosso nome.

Jesus conviveu com os seus discípulos durante três anos. Eles aprenderam com Jesus muitos ensinamentos. O trecho do Evangelho que rezamos hoje nos mostra Jesus enviando os seus discípulos à missão, em meio às diversidades de pessoas. O compromisso de assumir nova missão suscita numa pessoa diversos sentimentos, entusiasmo, empolgação, medo, insegurança e esperança. Ir à missão no meio das pessoas e culturas que não conhecemos é um grande desafio. Eu atuo aqui na Amazônia em meio a vinte e três povos indígenas e não indígenas. O ensinamento de Jesus é muito importante, o exercício da prudência que significa ser cauteloso, precavido, ponderado, ter calma, sensatez e a paciência. Se não temos, precisamos cultivar. Na missão Jesus o exercício e vivência na simplicidade na missão, evitar o nosso modo complicado e complicar a vida de outras pessoas e da missão mesma. A minha vida missionária na Amazônia me ensina que na missão precisa ter calma, sabedoria, paciência, criatividade e diálogo com as pessoas.

Os discípulos são enviados à missão para levar a Boa Nova de Jesus que tem o seu núcleo principal o amor a Deus e aos irmãos. Os seguidores de Jesus vivem num processo contínuo de conversão e amadurecimento na fé. Anunciar a Boa Nova de Jesus significa denunciar os projetos de mortes construídos pelas pessoas. É o caminho pelo qual os discípulos devem seguir. Jesus vivia e realizava sua missão em meio à contínua tensão com as autoridades religioso-políticas de sua época. Jesus anuncia que conosco acontecerão situações difíceis. Ele mesmo foi entregue aos tribunais, foi açoitado,  levado diante de governador, condenado e morto na cruz. São resultados de atitudes coerentes ao projeto de Deus. Não devemos nos compactuar com os poderes constituídos que exploram as pessoas simples, discriminam as pessoas e condenam injustamente os inocentes. O verdadeiro discipulado não escapa dessas realidades. O nosso instinto puramente humano quer escapar dos perigos. Quem de nós quer sofrer perseguição? Ser processado, julgado, condenado e morrer? O nosso Mestre Jesus passou por esse caminho. Por isso, Ele ensina que não devemos ficar preocupados com todas essas realidades, precisamos aprender a confiar em Deus. Os discípulos são guiados pelo Espírito do Pai e inspira falar as verdades. Assim nós tornamos testemunhas da verdade, do amor, do perdão e da misericórdia. No Evangelho de hoje Jesus garante para nós que não estamos sozinhos: não sereis vós que havereis de falar, mas sim o Espírito do vosso Pai é que falará através de vós.  É muito bonito isso! Nós temos um Pai que nos ama, conta conosco na missão. O pedido de Jesus é que sejamos perseverantes. Caríssimos irmãos e estimadas irmãs, tenhamos a certeza: muitas pessoas rezam pela nossa perseverança e nós rezamos por ela. Jesus caminha conosco e não nos desampara, pois Ele disse: “Eis que eu estou com vocês todos os dias até o fim do mundo” (Mt 28,20).