Evangelho Mt 16,24-28

Irmãos e irmãs!

Estamos vivendo o mês vocacional aqui no Brasil. As palavras de Jesus continuam atuais para os seus discípulos missionários: “se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga…”. Pelo batismo, nos tornamos filhos e filhas de Deus, seguidores e discípulos missionários. Muitos de nós fomos batizados quando éramos crianças. A palavra de Jesus que estamos partilhando hoje exige de nós escolha e uma decisão: “se alguém quer me quiser”.

O discipulado e a vida missionária exigem seguir o projeto de Jesus: “renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga”. Jesus exige um entrega total aos seus discípulos missionários. Assumir um novo projeto de vida significa deixar para trás projetos pessoais bons e vantajosos, pois graças a nosso Deus da Vida, todos nós temos muitas qualidades e capacidades para desenvolver os projetos de vida. Jesus não quer apenas um entusiasmo passageiro do discípulo missionário. Ele toca diretamente na vida de entrega total a Deus: “pois quem quiser salvar a sua vida vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de mim, vai encontrá-la”. Quando Jesus tratava da profundidade de seu seguimento muitas pessoas o abandonaram, pois entendiam que o seguimento a Jesus era muito exigente. E, realmente é exigente, pois é projeto divino, da verdade e de vida. Com a vida nossa e a vida de nossos semelhantes não podemos brincar.

Seguir a Jesus é fazer escolha profunda entre muitas propostas que circulam ao nosso redor, na família, nos círculos de amizade, nos compromissos sociais e políticos. Muitos seguidores e seguidoras de Jesus estão inseridos em diversos setores das sociedades. Ali onde estão atuando devem ser feitas as escolhas pela vida, de respeito, de promoção humana, de solidariedade para com as pessoas mais necessitadas, excluídas e marginalizadas. Por isso, Jesus segue falando aos discípulos: “de fato, de que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro, mas perder a sua vida? Que poderá alguém dar em troca de sua vida?”

São questionamentos profundos que Jesus lança para os seus seguidores. Nós devemos olhar para o íntimo de nossas motivações vocacionais e missionárias. Não é hora de ficarmos olhando para outras pessoas. Jesus exige de nós uma mudança profunda de nossa mentalidade, de nossos sentimentos, afetividade e de prática de vida. A conversão não é algo periférico da nossa vida de discípulos missionários, mas é algo central e fundamental. Cada um de nós é frágil em algumas dimensões da vida. Por isso, temos elementos que nos ajudam a superar: vida de oração, meditação da Palavra de Deus, participação da Eucaristia, Reconciliação e convivência fraterna. Devemos estar em ação contínua para concretizar o Reino de Deus. Jesus disse aos discípulos e diz para nós: “Porque o Filho do Homem virá na glória do seu Pai, com os seus anjos, e então retribuirá a cada um de acordo com a sua conduta”.

A nossa conduta de discípulos missionários deve ser conforme a proposta de Jesus. Nesse tempo de pandemia de Covid-19 nós vemos que emergem muitos projetos de mortes, assassinatos, de exclusão, marginalização partindo dos cristãos mesmos. Precisamos entender que essa vida é passageira, a fama, os bens materiais são passageiros. O que permanece mesmo é a vida plena em Deus. Nós temos possibilidades variadas para fazer o bem e o mundo hoje precisa de pessoas de bem. Fazer o bem aos mais necessitados é começar a sofrer, ser perseguido, caluniado, morrer como Jesus. Concluo com as palavras de Jesus: “se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga.”