Sim, teremos Natal!

O Natal se aproxima… Em nossas igrejas, o advento vai marcando, a cada semana, o caminho dos cristãos em preparação ao nascimento de Jesus. A chegada do Salvador vai enchendo nossas liturgias de alegria e júbilo; os presépios armados num canto das marquises indicam que o tempo de Deus novamente cruzará o tempo na terra.

Nas ruas, o colorido e as luzes das vitrines são é colírios para os olhos. O fetiche natalino faz as pessoas entrarem e saírem das lojas; todos correm atrás de ofertas… Nem mesmo a crise, provocada pelo novo Coronavírus, consegue segurar o impulso de comprar um móvel novo, uma roupa da moda, ou algo que traduza a novidade do Natal.

A vida necessita de momentos lúdicos e prazerosos (embora devemos estar atentos em não alimentar o consumismo e os vícios). Mas infelizmente, o mundo tem caminhado sem esperança, e a preocupação com o futuro, tem levado muitas pessoas a viverem sem motivações. A situação atual do País tem colaborado para que o pessimismo vigore, até mesmo entre os cristãos. Creio que, mais do que nunca, precisamos resgatar o espírito do Natal com seu significado mais profundo: “Nasceu para nós um Menino” (Is 9,5); Deus humanizou-se, se fez um de nós, assumiu nossas alegrias e misérias, nossas dores e vitórias…; se fez solidário até mesmo no pecado, embora jamais tenha cometido pecado algum.

Dom Amilton Manoel da Silva, CP – Bispo diocesano de Guarapuava – PR

A pergunta que tem gritado alto é: Teremos Natal, em meio à pandemia da COVID-19? Um poema do padre Javier Leoz, espanhol, viralizado nestes dias nas redes sociais, responde a essa pergunta. Transcrevo aqui, parte dele: “Sim, haverá Natal, mais silencioso e com mais profundidade, mais parecido com o primeiro em que Jesus nasceu em solidão. Sem muitas luzes na terra, mas com a estrela de Belém fulgurando trilhas de vida em sua inmensidão, Sem cortejos teais colossais, mas com a humildade de sentir-nos pastores e servos buscando a Verdade. Sem grandes mesas e com amargas ausências, mas com a presença de um Deus que tudo plenificará (…) Sem barulhos nem ruídos, propagandas ou foquetes, mas vivendo o Mistério sem medo do ‘covid-herodes’ que pretende tirar-nos até o sonho da esperança.”

Sim, teremos Natal! Então, não tenhamos medo de vivenciar este evento máximo da fé cristã, num “período anormal”. Talvez este seja o Natal que realmente estamos precisando para uma verdadeira conversão, e que um vírus invísivel veio nos proporcionar. Desejo a todos um Feliz e Santo Natal e um Ano-Novo repleto das graças e bençãos de Deus.

 

Dom Amilton Manoel da Silva, CP

Bispo diocesano de Guarapuava – PR

Fonte: Diopuava