Solidário na dor

No momento que ora escrevo os meus rabiscos diários, trago comigo as informações do dia de ontem, sobre as mortes e o total de pessoas confirmadas. Dados assustadores, que nos deixam profundamente tristes. Nesta última terça feira (2), no Brasil, segundo levantamento das secretarias estaduais de saúde, foram registradas 31.309 mortes, provocadas pela Covid-19 e 558.237 casos confirmados da doença em todo o país. Como não se sensibilizar por uma situação como esta? Não se trata apenas de números altos, mas antes, DE HISTÓRIAS DE VIDAS CEIFADAS, INTERROMPIDAS. Famílias inteiras arrasadas.

Estes números também levantam outras situações que gritam no mais profundo de nosso ser. Famílias inteiras, que estão passando por necessidades extremas. Sem trabalho e sem rendimento, muitos do nosso meio, carecem de ser ajudados pelos órgãos competentes e também pela nossa SOLIDARIEDADE. Não podemos fechar os nossos olhos à uma realidade tão gritante, como uma FRATURA EXPOSTA em nossa sociedade. Esta pandemia veio evidenciar, o que já sabíamos de longa data: moramos num país de uma DESIGUALDADE social alarmante.

A palavra de ordem da vez é a SOLIDARIEDADE. A solidariedade é inerente a vida do CRISTÃO. É inadmissível que tenhamos cristãos que não sejam capazes de ser solidários. Em outras palavras, poderíamos definir a solidariedade como o AMOR que se faz em MOVIMENTO. È o sair de si e do EGOÍSMO, tão enraizado entre nós, para ir ao outro. Ser solidário a dor do outro é um grande desafio ao qual somos chamados. Este ato de ser solidário, não é agir pela razão, mas pelo CORAÇÃO, sem outros interesses afins. Evidentemente que não temos nas NOSSAS MÃOS, as soluções para todos os problemas daqueles que passam por necessidades, mas diante dos problemas deles, temos as nossas mãos, e o desejo sincero de querer ajudar. Madre Tereza de Calcutá dizia frequentemente esta frase, que resume para nós, o que significa as nossas ações solidárias: “Eu sei que o meu trabalho é uma gota no oceano, mas sem ele o oceano seria menor.”

Eu nunca me esqueço daquela criança, numa das ruas de São Paulo, quando me pediu algo para comer, pois estava com muita fome. A única coisa que eu tinha na bolsa, era uma barra de chocolate. Dei a ela. Imediatamente a mesma, colocou o chocolate dentro do seu calção. Foi quando eu lhe perguntei: mas você não vai comer? Foi quando ela me disse: Não tio, vou esperar os meus colegas, para repartir com eles. De onde não esperamos é que saem os GESTOS INESPERADOS e mais concretos de solidariedade. Como a dos indígenas da etnia GAVIÃO que doaram mais de 600 quilos de alimentos para famílias carentes prejudicadas pela pandemia do novo coronavírus, em Ji-Paraná (RO), região central do estado. Ou também do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST, da região Oeste do Paraná, que fizeram também a doação de 2 toneladas de alimentos, para os povos indígenas da etnia GUARANI, moradores de reservas localizadas em Guaíra e Terra Roxa.

Temos exemplos de muitos outros gestos de solidariedade. Conheço pessoas que saem pelas ruas das grandes cidades, fazendo a doação de comida para as pessoas em situação de rua. Estes, talvez sejam aqueles de maior vulnerabilidade, sobretudo nestas noites frias, em São Paulo, por exemplo. Ser solidário é um gesto de extrema GRANDEZA DE CORAÇÃO. Só é capaz de ser solidário quem trás em seu coração a HUMANIDADE em letras garrafais. Já nos dizia o escritor Franz Kafka que “A solidariedade é o sentimento que melhor expressa o respeito pela dignidade humana.”

Em meio a esta pandemia há centenas de milhares de pessoas ANÔNIMAS, INVISÍVEIS, que estão necessitando de ajuda. Às vezes, do seu lado, você encontrará pessoas nesta situação. Não precisaria ir muito longe, para ver que estas pessoas, necessitam ser ajudadas. Talvez você possa até dizer, que não tem as condições necessárias para ajudar quem quer que seja. É até compreensivo isto. Entretanto, há muita coisa que se pode fazer, mesmo nas situações mais ADVERSAS. Todavia, há sempre um jeito de se fazer algo, afinal, ninguém de nós é tão pobre que nada possa dar de si, e ninguém é tão rico, que não precise receber alguma coisa.