Sábado da Segunda Semana da Páscoa. O tempo é de esperança a ser renovada. Apesar dos imensos desafios que atravessam o nosso caminhar, devemos continuar esperançando, acreditando na presença viva do Ressuscitado no meio de nós. Sem medo de ser feliz! O Senhor é conosco! Sou Eu! Não tenhais medo! Ao ressuscitar o Filho, Deus encheu-nos de esperança de que a vida prevalece sobre a morte. Bem fez o apóstolo Paulo que disse com todas as letras: “Morte, onde está a sua vitória?” (1 Cor 15,55) A Ressurreição é vida na alegria continuando a história.
O tempo litúrgico é pascal e estamos Iniciando o penúltimo final de semana do mês de abril. As temperaturas estão oscilando para baixo, com a estação do Outono dando as suas caras. Ela que seguirá conosco até o dia 21 de junho, passando, posteriormente, o bastão ao Inverno. Este é o nosso Planeta que dita o rimo das nossas vidas, nos fazendo adequar às múltiplas variações, mesmo que nos assustando por vezes. A Mãe Terra a cada dia está nos enviando uma mensagem. Ela está sofrendo as nossas agressões: oceanos se enchendo de plástico e se tornando mais ácidos; calor extremo; desmatamento e incêndios florestais; inundações; estiagens.
Hoje é um dia especifico para pensarmos de forma mais objetiva sobre a nossa Mãe Terra. Dia 22 de abril é O “Dia Mundial do Planeta Terra”. Uma comemoração que acontece em todo o mundo. Data esta para pensarmos na defesa do meio ambiente de forma mais consciente sobre a importância do planeta Terra que é a nossa “Casa Comum”. Planeta este que já está com a sua idade avançada. Estima-se que a Terra tenha a idade aproximada de 5 bilhões de anos, abrigando em si uma população de 6 bilhões pessoas. Ela que nos sustenta com uma variada produção de recursos naturais, mas que nos “desleixamos” e não cuidamos dela como se devia. Como os indígenas mesmo dizem: “Sem terra não há vida, para nós. Nós não exploramos nosso território para lucrar, mas para nos alimentar, manter nossa cultura e preservar nossas tradições e espiritualidade”.
Nossa atuação irresponsável diante do planeta que nos acolhe tem provocado toda sorte de mudanças globais no clima da terra. A cada dia, centenas de crimes são cometidos contra a natureza, perturbando a biodiversidade e acelerando gradativamente a destruição de planeta Terra, nosso lar comum. O Papa Francisco fala em “Pecado Ecológico”, como os crimes que são praticados contra a natureza. Tanto que ele está com a intenção de incluir este “Pecado Ecológico” na Doutrina Social da Igreja (DSI). Pensar num planeta Terra com a consciência da sustentabilidade é a nossa missão como filhos e filhas de Deus. Gosto de pensar na Terra como na canção de Caetano Veloso: “Eu estou apaixonado por uma menina, terra”.
Com os pés firmes na Terra seguimos no nosso clima pascal, onde a liturgia do dia continua nos orientando sobre a presença viva do Ressuscitado, animando os primeiros passos do discipulado, sem a presença física do Jesus histórico com eles. Vida que segue, mas ainda num clima de medo e incertezas. Jesus que lhes aparece de maneira inusitada, caminhando sobre as águas como um fantasma. Os discípulos até reconhecem o seu mestre, mas ainda dominados pela síndrome do medo, ao que Jesus lhes comunica: “Sou eu. Não tenhais medo”. (Jo 6,20) Embora tivessem caminhado com Ele durante a sua vida pública, eles não entenderam bem a proposta de Jesus. Se entenderam, interpretaram-na mal. Os discípulos tentam dar continuidade às suas vidas normalmente, mas Jesus vai ao encontro deles, dando-lhes força para não desanimarem, apesar das imensas dificuldades naquele contexto de perseguição e mortes. Jesus, luz na escuridão.
Nós também, nos nossos mares revoltos, temos as mesmas atitudes do discipulado de Jesus. Quase sempre o medo e as incertezas da vida fazem-nos regredir sem acreditar que Ele conosco está. Ele é o Ressuscitado que está sempre conosco, olha para nós e acompanha-nos na nossa caminhada. Pode até ser que precisemos de um tempo para reestruturar-nos diante da escuridão que faz noite nas nossas vidas, mas sem abrir mão da presença viva d’Ele que conosco vai sempre estar, como Mateus assim manifestou no último versículo de seu evangelho: “Eis que eu estarei com vocês todos os dias, até o fim do mundo”. (Mt 28,20) Que saibamos reconhecer a sua presença em nossa história pessoal, na vida dos irmãos e em todas as circunstâncias da nossa existência, acreditando como Santo Agostinho: “A própria Vida se manifestou na carne, para que, nessa manifestação, aquilo que só podia ser visto com o coração fosse também visto com os olhos”.
Francisco Carlos Machado Alves conhecido como Chico Machado, foi da Congregação do Santíssimo Redentor, os Redentorista, da província de São Paulo. Reside em São Felix do Araguaia no Mato Grosso e é agente de Pastoral na Prelazia de São Felix desde 1992. Sua atividade pastoral é junto aos povos indígenas da região: Xavante, Kayabi, Karajá, dentre outros. Mestre em Educação atua na formação continuada de professores Indígenas, nas escolas das respectivas aldeias.