Suicídio na adolescência: como podemos prevenir?

O suicídio se configura como um grave problema de saúde pública mundial e corresponde a um tipo de morte evitável se tratado em momento oportuno.
O suicídio apresenta várias causas possíveis, podendo acontecer, inclusive, após uma situação aversiva aguda (a perda do emprego, desilusão amorosa e outros). Todavia, a maior parte dos casos de suicídio está relacionada com um histórico de transtornos mentais, sendo a depressão a principal causa relacionada. É possível ainda citar outros transtornos que levam ao suicídio como o transtorno bipolar, transtornos alimentares, psicoses, transtornos da personalidade, transtornos da conduta e transtorno da identidade de gênero. Questões sociais também são causas apontadas sendo que algumas informações apontam que em todo o mundo no ano de 2015, 78% dos casos de suicídio ocorreram em países de baixa e média renda (Fonte: OMS, 2019).
Os adolescentes e jovens adultos configuram um dos grupos com os maiores índices de suicídios no mundo. Somado ao histórico de transtornos mentais, devemos considerar que a adolescência é uma fase singular no desenvolvimento humano, que causa grandes transformações físicas, psicológicas e sociais. Todas essas transformações geram grande sofrimento ao adolescente que ainda não possui tantos recursos quanto uma pessoa adulta para conseguir assimilar todas essas mudanças.
O suicídio foi apontado como a segunda principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos
em todo o mundo(Fonte: OMS, 2019).. Esses dados alertam para a necessidade dos pais estarem atentos a possíveis alterações psicológicas nos adolescentes, como a mudança de humor, alterações comportamentais, e as próprias tentativas anteriores de tirar a própria vida, são fatores de alerta para que os pais consigam identificar que esse adolescente está apresentando grande sofrimento emocional e pode estar mais suscetível ao suicídio.
Em todos os países, o suicídio é menos frequente antes dos 15 anos, e sua incidência aumenta no final da adolescência. Mais da metade desses jovens não recebem tratamento adequado após a primeira tentativa. O acompanhamento adequado fornece espaço de escuta, auxilia o adolescente a reconhecer o seu valor e compreender melhor suas crenças e ações sobre si mesmo, sobre as outras pessoas e sobre o mundo.
Estamos no mês de setembro, mês em que há uma intensa reflexão sobre o suicídio, mas precisamos estar atentos ao nossos adolescentes de setembro a setembro. A prevenção ainda é a melhor maneira de evitar que vidas sejam perdidas por uma causa evitável, como é o caso do suicídio.

Pode ser uma imagem de uma ou mais pessoas e texto que diz "Setembro Amarelo. Toda vida importa."
O primeiro passo para prevenir é ter informação de qualidade. Quanto mais as pessoas compreendem sobre os transtornos mentais, menor será o preconceito e antes os pais tendem a buscar ajuda para seus filhos. O tratamento psicológico, se ofertado já no início das alterações psicológicas, tende a evoluir significativamente e proporcionar ao adolescente maior resiliência, maior capacidade de lidar com a frustração e maior capacidade de se relacionar de maneira assertiva com amigos, familiares e a sociedade.
A família é um pilar essencial na prevenção ao suicídio entre adolescentes. Cabe aos pais e demais familiares promoverem um espaço de acolhimento, ambiente que promova maior autonomia, uma vez que a sociedade atual apresenta cada vez mais dificuldade em manter relações estáveis e vínculos duradouras.
Por fim, ressalto a necessidade de que haja um diálogo constante entre a família e o adolescente. Isso porque precisamos humanizar cada vez mais as nossas relações, para que os jovens não se sintam fragilizados ou com a sensação de que estão sozinhos.


Silmara Kerniski (CRP 08/29059)
É psicóloga e atende na cidade de Pitanga, na clínica médica Cliamo. Atua nas áreas de avaliação psicológica e psicoterapia com crianças, adolescentes e adultos. Possui especialização na área de Psicopedagogia e é pós-graduanda em Gestão em Saúde, possui ainda capacitações na área de avaliação psicológica e psicodiagnóstico.