Testemunho, autenticidade e coerência com a fé – Virtudes de poucos

Reflexão litúrgica: sexta-feira,
04/02/22, 4ª Semana do Tempo Comum

Na Liturgia desta sexta-feira, 4ª Semana do Tempo Comum, na 1a Leitura (Eclo 47,2-13), o autor faz elogios ao rei Davi, são recordados a predileção que Deus teve pelo grande rei, a grande coragem dos seus anos de juventude, que culminou com a morte do gigante Golias e o extermínio dos inimigos que lhe permitiu alargar os confins do reino e consolidá-lo. Mas o aspecto que o autor do texto sente maior necessidade de colocar em relevo é a contribuição dada por Davi ao culto, com a composição dos Salmos, a instituição dos cantores e a organização das solenidades sagradas. Também é recordado o perdão que o rei obtém de suas culpa e a aliança que Deus estreitou com ele e com os seus descendentes para sempre, donde se originou o messianismo real.

No Evangelho (Mc 6,14-29), vemos que a narração da morte de João Batista apresenta o destino de Jesus e dos que o seguem. A morte de João acontece dentro de um banquete de poderosos. Assim, o profeta que pregava o início de transformação radical é morto por aqueles que se sentem incomodados com essa transformação.

Neste texto vemos que um profeta é eliminado em meio a um banquete em que uma jovem e sua mãe estão à serviço da morte. A cabeça de João é oferecida, num prato, para compor a mesa de Herodes e seus convidados, os grandes da Galileia. A eliminação de João é motivada pelos questionamentos trazidos por sua palavra e ação, e antecipa o destino de Jesus.

O profeta João Batista não foi ouvido, foi ridicularizado e ultrajado pelas autoridades religiosas e civis. João morre por fidelidade ao seu testemunho. Deste modo a morte surge como um testemunho supremo, o selo de autenticidade, o fato que confirma as palavras. A nós, habitualmente, não nos é pedido dar a vida, mas ter uma conduta cristã coerente em nosso relacionamento com Deus e com as pessoas. A coragem de não ceder diante do mal, nem diante da mentalidade corrente, mas de sermos diferentes na forma de pensar, de escolher, de falar, de agir. Contestar, em nome da verdade, mas estar prontos para o diálogo e o respeito pelas pessoas; afirmar nossa originalidade de crentes, mas sermos capazes de adaptação ao expor o ponto de vista cristão, capazes de coerência com a fé.

Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.


Padre Leomar Antonio Montagna é presbítero da Arquidiocese de Maringá, Paraná. Doutorando em Teologia e mestrado em Filosofia, ambos pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR – Câmpus de Curitiba. Foi professor de Teologia na Faculdade Missioneira do Paraná – FAMIPAR – Cascavel, do Curso de Filosofia da PUCPR – Câmpus Maringá. Atualmente é Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças em Sarandi PR.