Testemunho, autenticidade e coerência com a fé – virtudes de poucos

Reflexão Litúrgica: sexta-feira, 03/02/2023
4ª Semana do Tempo Comum, Memória de São Brás, bispo e mártir
(Benção da garganta)

 Na Liturgia desta sexta-feira, 4ª Semana do Tempo Comum, na 1a Leitura (Hb 13,1-8), o autor oferece alguns conselhos para reforçar a vivência comunitária: amor fraterno, hospitalidade, respeito ao casamento, não absolutizar o dinheiro nos negócios, cuidado com os presos e fragilizados. Esses conselhos fortalecerão a comunidade que vive tempos de hostilidade e perseguição.

No Evangelho (Mc 6,14-29), vemos que a narração da morte de João Batista apresenta o destino de Jesus e dos que o seguem. A morte de João acontece dentro de um banquete de poderosos. Assim, o profeta que pregava o início de transformação radical é morto por aqueles que se sentem incomodados com essa transformação.

Neste texto vemos que um profeta é eliminado em meio a um banquete em que uma jovem e sua mãe estão à serviço da morte. A cabeça de João é oferecida, num prato, para compor a mesa de Herodes e seus convidados, os grandes da Galileia. A eliminação de João é motivada pelos questionamentos trazidos por sua palavra e ação, e antecipa o destino de Jesus.

O profeta João Batista não foi ouvido, foi ridicularizado e ultrajado pelas autoridades religiosas e civis. João morre por fidelidade ao seu testemunho. Deste modo a morte surge como um testemunho supremo, o selo de autenticidade, o fato que confirma as palavras. A nós, habitualmente, não nos é pedido dar a vida, mas ter uma conduta cristã coerente em nosso relacionamento com Deus e com as pessoas. A coragem de não ceder diante do mal, nem diante da mentalidade corrente, mas de sermos diferentes na forma de pensar, de escolher, de falar, de agir. Contestar, em nome da verdade, mas estar prontos para o diálogo e o respeito pelas pessoas; afirmar nossa originalidade de crentes, mas sermos capazes de adaptação ao expor o ponto de vista cristão, capazes de coerência com a fé.

Hoje celebramos, também, a memória de São Brás, bispo e mártir

Brás, bispo de Sebaste, na Turquia, foi uma das últimas vítimas das perseguições romanas (ano 316). Seu culto popularíssimo prende-se à bênção da garganta, em lembrança de um milagre que a tradição lhe atribui: teria salvo uma criança que morria sufocada por ter engolido uma espinha de peixe.

Bênção da garganta e Oração de São Brás

Ó bem-aventurado São Brás, que recebeste de Deus o poder de proteger as pessoas contra as doenças da garganta e outros males, afastai de nós as doenças que nos afligem (fazer o pedido).

Conservai a nossa garganta sadia e perfeita para que possamos falar corretamente e assim proclamar e cantar os louvores de Deus. Com a graça de Deus e com a Vossa ajuda, prometemos esforçar-nos, ó glorioso Mártir São Brás, para que a fala que sair da nossa garganta seja sempre:

De verdade e não de mentira;

De justiça e não de calúnia;

De bondade e não de aspereza;

De compreensão e não de intransigência;

De perdão e não de condenação;

De desculpa e não de acusação;

De respeito e não de desacato;

De conciliação e não de intriga;

De calma e não de irritação;

De desapego e não de egoísmo;

De edificação e não de escândalo;

De ânimo e não de derrotismo;

De conformidade e não de lamúrias;

De amor e não de ódio;

De alegria e não de tristeza;

De fé e não de descrença;

De esperança e não de desespero.

São Brás, intercedei diante de Deus por nós, por nossas famílias e por todos os que sofrem dos males da garganta. Que por nossas palavras possamos bendizer a Deus e cantar os seus louvores.

São Brás, rogai por nós!

Ó Deus, por intercessão de São Brás bispo e mártir, nos livre dos males da garganta e de toda e qualquer doença. Amém.

Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.

 


Padre Leomar Antonio Montagna é presbítero da Arquidiocese de Maringá, Paraná. Doutorando em Teologia e mestrado em Filosofia, ambos pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR – Câmpus de Curitiba. Foi professor de Teologia na Faculdade Missioneira do Paraná – FAMIPAR – Cascavel, do Curso de Filosofia da PUCPR – Câmpus Maringá. Atualmente é Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças em Sarandi PR.